FEDERAÇÃO DE BOXE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (FBERGS)
"FORMANDO VENCEDORES NO ESPORTE E NA VIDA."

segunda-feira, 28 de março de 2011

A CIÊNCIA DO CORPO A CORPO NO BOXE



Atualmente é muito raro vermos um boxeador, sustentando e definindo, tecnicamente, uma luta de boxe no corpo a corpo. Este é outro fundamento do Boxe, que só pode ser ensinado, por quem sabe fazer. Muito poucos dominavam esta arte, e hoje em dia, menos ainda.

Embora seja um posicionamento de combate, plenamente utilizável no boxe profissional, infelizmente, há décadas tem sido inviabilizado na regra olímpica. É importante, promover a segurança e a aprendizagem no amadorismo, que é a etapa de formação, mais sem restringir as dimensões de combate, e o confronto de estilos no Boxe. Evitando-se empobrecer os recursos técnicos e táticos da modalidade, o que além de dificultar a adaptação dos boxeadores amadores ás amplas possibilidades técnicas e estratégicas do profissionalismo, também, pode acarretar na diminuição da atratividade e emoção dos combates, enquanto espetáculo esportivo, e conseqüentemente, na diminuição de público.




“In-fighter”, é o nome dado ao boxeador especialista em lutar no corpo a corpo, sempre pressionando o adversário, geralmente, com rajadas de ganchos e uppercuts.

Sustentar a luta, eficientemente, no corpo a corpo, exige muito conhecimento específico e muita astúcia, pois quem não tem aquela grande pegada, pode construir a vitória, através de um conjunto de recursos técnicos que envolvem movimentos curtos, velocidade e precisão nos golpes, para desgastar, minar e até nocautear o adversário.


A curta distância normalmente favorece aos boxeadores com menor alcance e mais baixos para sua categoria de peso.




Tanto os “in-fighters”, quanto os de meia distância, devem ter boa tolerância ao castigo, pois muitas vezes são atingidos, antes de alcançar seus objetivos, como: enquadrar-se na distância, abrir brechas na guarda adversária, e etc.


A vantagem ofensiva desta estratégia apresenta-se, por exemplo, quando já na curta distância, desencosta-se do adversário, colocando-se golpes curtos,... Ou vindo da longa e meia distância, fazendo-se as devidas técnicas de aproximação, ficando na distância ideal para colocar golpes justos, em todo o corpo do adversário, aproveitando as brechas produzidas, ou proporcionadas pelo próprio, por deficiência técnica ou lentidão. Normalmente as brechas surgem, ou são provocadas, mais facilmente em baixo, onde se castiga o abdômen, para desgastá-lo e fazê-lo, abrir sua guarda em cima. Nesta distância a eficácia dos golpes, normalmente, não está na potência, devido ao menor percurso dos punhos e rotação dos ombros, más na velocidade, quantidade e precisão dos golpes.




A vantagem defensiva desta estratégia está em saber aproximar-se com uma guarda bem fechada,  protegendo-se e encostando-se no corpo, ou na guarda do adversário, sem expor-se e sem agarrá-lo, evitando alguma penalização por excesso de clinch, mantendo as duas mãos livres e posicionadas para golpear, sistematicamente, e em caso de um revés, fechando a guarda, cinturar, se necessário, e encostar-se de novo. Em seguida pode desencostar-se e golpear, ou fazer o pião para um ou outro flanco do adversário, e depois golpear, ou, em "último caso", provocar um clinch.




Alias, muita gente confunde o clinch, com o encosto no corpo a corpo. Há uma grande diferença entre eles. Ocorre “clinch”, quando os dois adversários seguram-se ou tramam os braços. Se apenas um segura, este não pode bater, enquanto o outro poderá continuar golpeando. Portanto, se ambos segurarem-se (pelo bom censo: mais de dois segundos), dizemos: - “Entraram em clinch”, então o árbitro deverá ordenar: -“Break”! Um passo atrás. – parando a luta, e ordenando: -“Box” – para continuar o combate.


Ocorre o encosto, quando um ou, os dois adversários encostam-se, com o corpo ou com as guardas, como que se apoiando. Quando são dois “in-fighters”, seguidamente encostam-se cabeça á cabeça (a regra olímpica proíbe este posicionamento de cabeças, devido ao risco de cabeçadas), más sem agarrarem-se, e mantendo as mãos livres para soltarem seus golpes.




Também há diferença entre segurar acintosamente e travar sutilmente, os braços do adversário. Para as regras, olímpica ou profissional, é a mesma coisa, é “segurar”. Mas a diferença existe, e conciste em ausência ou presença de técnica. Isto é, segurar com as mãos acintosamente, fazendo força, é sem técnica. Travar sutilmente é com técnica, por exemplo, travando os antebraços do adversário entre seu bíceps e tronco. As duas maneiras têm a mesma intenção: inibir momentaneamente qualquer ataque ou contra-ataque do adversário, sem incorrer em falta que possa ser penalizada pelo regulamento, só que em relação a este procedimento também é fundamental saber evitar "excessos". Os "excessos" no clinch é que caracterizam o anti-jogo, e portanto são os "excessos de clinch" é que devem ser penalizados.


O travamento corretamente executado é a forma técnica de se provocar o clinch, que ao prolongar-se por um par de segundos ou mais, já deve ser interpretado como clinch pela arbitragem. O clinch, quando não caracterizando o antijogo (excesso de clinch e falta de combatividade), é um recurso técnico licito, e pode ser utilizado por estratégia ou necessidade, em várias ocasiões, por exemplo: para inibir contra-golpes; após combinação de golpes, quando o corpo a corpo nos resulta nefasto; por haver recebido um forte impacto; por causa de cansaço; e etc.

De qualquer forma dominando ou não os fundamentos do clinch, especialmente na regra olímpica onde o defecho é rápido, pois são somente três rounds,  quanto menos clinch fizer, menos se expõe áos riscos  inerentes ás interpletações da ábitragem. 




No Boxe internacional, posso citar como notáveis especialistas na curta distância: Patrick Leary, Harry Greb, Jack Dempsey, Jake LaMotta, Rocky Marciano, Joe Frazier, Julio César Chávez, David Tua e Mike Tyson.

(Os aprofundamentos deste conteúdo e seus exercícios práticos, são  devidamente detalhados, em tópico específico na palestra: "Os Segredos do Boxe" apresentada pelo Autor)



Walconi Lucas







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