Atualmente é muito raro vermos um boxeador, sustentando e definindo, tecnicamente, uma luta de boxe no corpo a corpo. Este é outro fundamento do Boxe, que só pode ser ensinado, por quem sabe fazer. Muito poucos dominavam esta arte, e hoje em dia, menos ainda.
Embora seja um posicionamento de combate, plenamente utilizável no boxe profissional, infelizmente, há décadas tem sido inviabilizado na regra olímpica. É importante, promover a segurança e a aprendizagem no amadorismo, que é a etapa de formação, mais sem restringir as dimensões de combate, e o confronto de estilos no Boxe. Evitando-se empobrecer os recursos técnicos e táticos da modalidade, o que além de dificultar a adaptação dos boxeadores amadores ás amplas possibilidades técnicas e estratégicas do profissionalismo, também, pode acarretar na diminuição da atratividade e emoção dos combates, enquanto espetáculo esportivo, e conseqüentemente, na diminuição de público.
“In-fighter”, é o nome dado ao boxeador especialista em lutar no corpo a corpo, sempre pressionando o adversário, geralmente, com rajadas de ganchos e uppercuts.
Sustentar a luta, eficientemente, no corpo a corpo, exige muito conhecimento específico e muita astúcia, pois quem não tem aquela grande pegada, pode construir a vitória, através de um conjunto de recursos técnicos que envolvem movimentos curtos, velocidade e precisão nos golpes, para desgastar, minar e até nocautear o adversário.
A curta distância normalmente favorece aos boxeadores com menor alcance e mais baixos para sua categoria de peso.
Tanto os “in-fighters”, quanto os de meia distância, devem ter boa tolerância ao castigo, pois muitas vezes são atingidos, antes de alcançar seus objetivos, como: enquadrar-se na distância, abrir brechas na guarda adversária, e etc.
A vantagem ofensiva desta estratégia apresenta-se, por exemplo, quando já na curta distância, desencosta-se do adversário, colocando-se golpes curtos,... Ou vindo da longa e meia distância, fazendo-se as devidas técnicas de aproximação, ficando na distância ideal para colocar golpes justos, em todo o corpo do adversário, aproveitando as brechas produzidas, ou proporcionadas pelo próprio, por deficiência técnica ou lentidão. Normalmente as brechas surgem, ou são provocadas, mais facilmente em baixo, onde se castiga o abdômen, para desgastá-lo e fazê-lo, abrir sua guarda em cima. Nesta distância a eficácia dos golpes, normalmente, não está na potência, devido ao menor percurso dos punhos e rotação dos ombros, más na velocidade, quantidade e precisão dos golpes.
A vantagem defensiva desta estratégia está em saber aproximar-se com uma guarda bem fechada, protegendo-se e encostando-se no corpo, ou na guarda do adversário, sem expor-se e sem agarrá-lo, evitando alguma penalização por excesso de clinch, mantendo as duas mãos livres e posicionadas para golpear, sistematicamente, e em caso de um revés, fechando a guarda, cinturar, se necessário, e encostar-se de novo. Em seguida pode desencostar-se e golpear, ou fazer o pião para um ou outro flanco do adversário, e depois golpear, ou, em "último caso", provocar um clinch.
Alias, muita gente confunde o clinch, com o encosto no corpo a corpo. Há uma grande diferença entre eles. Ocorre “clinch”, quando os dois adversários seguram-se ou tramam os braços. Se apenas um segura, este não pode bater, enquanto o outro poderá continuar golpeando. Portanto, se ambos segurarem-se (pelo bom censo: mais de dois segundos), dizemos: - “Entraram em clinch”, então o árbitro deverá ordenar: -“Break”! Um passo atrás. – parando a luta, e ordenando: -“Box” – para continuar o combate.
Ocorre o encosto, quando um ou, os dois adversários encostam-se, com o corpo ou com as guardas, como que se apoiando. Quando são dois “in-fighters”, seguidamente encostam-se cabeça á cabeça (a regra olímpica proíbe este posicionamento de cabeças, devido ao risco de cabeçadas), más sem agarrarem-se, e mantendo as mãos livres para soltarem seus golpes.
Também há diferença entre segurar acintosamente e travar sutilmente, os braços do adversário. Para as regras, olímpica ou profissional, é a mesma coisa, é “segurar”. Mas a diferença existe, e conciste em ausência ou presença de técnica. Isto é, segurar com as mãos acintosamente, fazendo força, é sem técnica. Travar sutilmente é com técnica, por exemplo, travando os antebraços do adversário entre seu bíceps e tronco. As duas maneiras têm a mesma intenção: inibir momentaneamente qualquer ataque ou contra-ataque do adversário, sem incorrer em falta que possa ser penalizada pelo regulamento, só que em relação a este procedimento também é fundamental saber evitar "excessos". Os "excessos" no clinch é que caracterizam o anti-jogo, e portanto são os "excessos de clinch" é que devem ser penalizados.
O travamento corretamente executado é a forma técnica de se provocar o clinch, que ao prolongar-se por um par de segundos ou mais, já deve ser interpretado como clinch pela arbitragem. O clinch, quando não caracterizando o antijogo (excesso de clinch e falta de combatividade), é um recurso técnico licito, e pode ser utilizado por estratégia ou necessidade, em várias ocasiões, por exemplo: para inibir contra-golpes; após combinação de golpes, quando o corpo a corpo nos resulta nefasto; por haver recebido um forte impacto; por causa de cansaço; e etc.
De qualquer forma dominando ou não os fundamentos do clinch, especialmente na regra olímpica onde o defecho é rápido, pois são somente três rounds, quanto menos clinch fizer, menos se expõe áos riscos inerentes ás interpletações da ábitragem.
De qualquer forma dominando ou não os fundamentos do clinch, especialmente na regra olímpica onde o defecho é rápido, pois são somente três rounds, quanto menos clinch fizer, menos se expõe áos riscos inerentes ás interpletações da ábitragem.
No Boxe internacional, posso citar como notáveis especialistas na curta distância: Patrick Leary, Harry Greb, Jack Dempsey, Jake LaMotta, Rocky Marciano, Joe Frazier, Julio César Chávez, David Tua e Mike Tyson.
(Os aprofundamentos deste conteúdo e seus exercícios práticos, são devidamente detalhados, em
tópico específico na palestra: "Os Segredos do Boxe" apresentada pelo
Autor)
Walconi Lucas
Nenhum comentário:
Postar um comentário